Mas o que é que se passa na realidade quando se consegue este lançamento audível? E é seguro?

Ouvir uma rachadura nas costas enquanto se estica pode ser ultra satisfatório, mas porquê?

Ouvir uma rachadura nas costas enquanto se estica pode ser ultra satisfatório, mas porquê? iStock

A primeira coisa a entender, diz o Dr Giovanni Ferreira, fisioterapeuta e pesquisador do Instituto de Saúde Musculo-esquelética da Universidade de Sydney, é que a rachadura não tem nada a ver com as articulações serem recolocadas no lugar.

“O que acontece é um processo fisiológico muito mais simples, que é o som que as articulações fazem quando são arrancadas”, diz Ferreira.

Ele explica que o fenômeno ocorre por causa de um processo chamado “tribonucleação”, que é quando duas superfícies opostas, neste caso as juntas, resistem à separação até atingirem um ponto crítico em que uma força faz com que elas se separem ligeiramente, mas rapidamente.

Quando isso acontece, o lubrificante dentro da junta, chamado líquido sinovial, de repente tem mais espaço para se mover e forma-se uma pequena bolha de gás – é a criação desta pequena cavidade de gás dentro da junta que é responsável pelo som de estouro. Em 2015, cientistas pesquisando isto lançaram um vídeo de uma ressonância magnética mostrando este mesmo processo, formalmente chamado “cavitação articular”.

Então por que se sente tão bem? Há alguns fatores interessantes em jogo que ajudam a explicar porque algumas pessoas têm vontade de rachar as costas.

Ferreira diz que rachar as articulações pode desencadear uma liberação de produtos químicos de “sensação de bem-estar”, como endorfinas, que ajudam a aliviar a dor. Depois há o poder da mente. Há pesquisas sugerindo que um efeito placebo pode estar envolvido, com as pessoas desfrutando da sensação e do som apesar dos efeitos clínicos do tratamento espinhal serem muitas vezes os mesmos com ou sem um “pop”.

Mas certamente não é tudo apenas na sua cabeça. Manipular as articulações vertebrais pode ajudar a aliviar a dor e melhorar alguma amplitude de movimentos, diz Ferreira.

Dr Aron Downie, professor do Departamento de Quiroprática da Universidade Macquarie, explica: “Proporciona movimento para as articulações espinhais e isto é pensado para proporcionar algum alívio da dor… também proporciona uma sensação de estiramento muscular.”

“No entanto algumas pessoas podem adquirir o hábito de auto-manipulação porque se sente bem e, na maioria das pessoas, por si só, é pouco provável que seja eficaz para o tratamento das dores nas costas e os terapeutas também devem concordar com isso”

Downie diz que as dores nas costas são um problema muito real: em qualquer altura até um terço das pessoas vai achar que limita as suas actividades diárias. A chave, diz ele, é administrá-la de forma holística para evitar que ela persista.

“Cracking your back for pain relief is not a solution for sitting at a computer all day”, diz Downie.

” só deve ser considerado dentro de um programa de flexibilidade geral, condicionamento físico e especialmente força, e coisas como postura.

“There are less obvious drivers to back pain as well as like sleep, mental health, nutrition.”

Quiropráticos, fisioterapeutas, osteopatas e alguns GPs são treinados em terapia de manipulação da coluna e outros métodos gerais de controle da dor.

Rasgar as costas para alívio da dor não é uma solução para sentar no computador o dia todo.

Dr Aron Downie, professor da Universidade Macquarie

Nem todos precisam ver um terapeuta, diz Downie, particularmente se você só ocasionalmente torcer e estalar as costas sem problemas. Mas, se você achar que regularmente tem uma vontade de rachar, pode haver problemas subjacentes para resolver.

” como reiniciar um computador que continua travando, em vez de resolver a falha que está no disco rígido”, diz Downie. “Se você sente que está fazendo isso com frequência, eu realmente buscaria a opinião de um profissional de saúde”.

Uma pequena proporção de quiropráticos se concentra apenas em fazer popping nas articulações, mas Downie diz que isso não está seguindo as diretrizes clínicas para tratar as dores nas costas. É por isso que ele diz que se um quiroprático ou outro terapeuta não está a dar-lhe estratégias para cuidar de si de uma forma construtiva, encontre outra pessoa.

Ferreira concorda: “Você precisa de uma abordagem de tratamento que seja mais activa do que passiva… Se alguém vai a um profissional de saúde e só fala da massagem que vai dar ou das rachaduras nas costas, isso é uma bandeira vermelha.”

Usualmente, as rachaduras nas articulações são inofensivas. Não há provas fortes de que cause artrite. Mas há alguns riscos, diz a Downie, particularmente com a região do pescoço, como o aumento da dor, dores de cabeça, nervos beliscados e, em ocasiões muito raras, a interrupção do fornecimento de sangue levando a um derrame.

A Downie avisa contra rachaduras no próprio pescoço, que só devem ser realizadas por um profissional qualificado após um exame minucioso.

Ele também sublinha que se quiser auto-manipular a parte inferior das costas, faça-o com alongamentos lentos em vez de movimentos rápidos de torção.

Ferreira acrescenta que mover as costas através de alongamentos e exercícios é importante. Ele sugere três movimentos de mobilidade da coluna vertebral que são seguros para fazer em casa – talvez mesmo com aquele pop.

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