É fato que o continente africano conta com vastas espécies de animais. Entretanto, um deles tirou o sossego dos moradores de Burundi, um país da África Oriental, durante 20 anos.
Conhecido como Gustave, o crocodilo do lago Tanganica, que pesava mais de uma tonelada e tinha cerca de seis metros de comprimento, despistava até mesmo os caçadores. Todavia, sua presença teria causado um número questionável de mortes – alguns afirmam ter sido 300, outros 60 ou até mesmo três.
De acordo com os primeiros pesquisadores responsáveis pela investigação do animal, acreditava-se que ele tinha, em média, 100 anos. Porém, diversos estudiosos se interessaram pelo crocodilo devorador de pessoas.
Dessa maneira, análises posteriores afirmaram que Gustave não poderia ser tão idoso, já que grande parte de sua arcada dentária estava intacta. Não obstante, o novo estudo apontou que ele tinha, na verdade, cerca de 60 anos e que ainda não havia atingido seu tamanho máximo.
A vida do réptil
Após os ataques, o crocodilo foi baleado três vezes. Além disso, apresentava mais quatro cicatrizes que são desconhecidas. Segundo os cientistas e herpetologistas, isso se deve ao hábito de caça do animal.
Conforme seu peso e tamanho, as presas mais ágeis e comuns, como peixes, antílopes e zebras, tornam-se as mais improváveis. Além disso, ele era obrigado a caçar animais maiores, como hipopótamos e gnus, o que resulta, muitas vezes, em atos violentos.
Como consequência, Gustave conseguia passar meses sem se alimentar até selecionar sua próxima vítima. Uma vez que ele decidia atacar humanos, as crianças e pescadores tornavam-se presa fácil.
Quando estão à beira do lago, o crocodilo utilizava sua calda para atacá-los e matar por sufocamento. Dentre diversas mortes, acredita-se que ele tenha atacado uma funcionária da embaixada da Rússia enquanto ela se banhava em seu habitat.
A tentativa de captura
Em 2010, o caçador francês Patrice Faye havia tentado capturar o réptil por meio de uma armadilha feita para grandes crocodilos. Sem sucesso, o animal escapou e fez com que o objeto afundasse. “Ele deve ter um instinto de sobrevivência muito forte, porque sobreviveu quando outros crocodilos foram massacrados”, afirmou o homem à BBC.
O documentário Capturing the Killer Croc, de 2014, registrou as diversas tentativas de Faye para capturar o animal. De acordo com a filmagem, o pesquisador estudou por dois anos antes de realizar qualquer tentativa.
Em uma das missões, a equipe do francês colocou uma cabra viva dentro de uma gaiola. Entretanto, a câmera que estava presa ao objeto foi danificada devido a tempestade que ocorreu naquela noite.
No dia seguinte, o grupo percebeu que a cabra havia desaparecido. No mesmo dia, a equipe procurou por rastros do animal que estava preso, mas nada foi descoberto e não puderam afirmar se a presa havia escapado ou se havia sido capturada, de alguma maneira, por Gustave.
No entanto, para a surpresa de muitos, o caçador mudou de ideia e passou a ser visto como um herói local já que, no mesmo ano, desistiu de matar o animal. A partir de então, sua missão era colocar um rastreador em Gustave a fim de seguir seus passos. Para ele, vivemos numa era em que criaturas como essas são cada vez mais raras e que precisam ser conservadas.
O apego pelo réptil foi tanto que Faye tornou-se responsável pelo nome Gustave. O morador de Burundi afirmou que o crocodilo é um animal histórico e muito gordo. “Na água, ele parece um hipopótamo”, acrescentou.
Com o passar do tempo, o perseguidor passou a acompanhar os movimentos do animal e concluiu que, em cerca de três meses, 17 pessoas foram devoradas. “Calculei que se ele vinha matando gente há 20 anos neste ritmo, já teria comido mais de 300 pessoas”, explicou.
Para o pesquisador, o cardápio da criatura é baseado em humanos devido ao tamanho, fazendo com que os peixes do lago não saciem sua fome. “Por ser tão enorme, ele é mais lento e, portanto, não tem outra opção a não ser caçar presas fáceis. Na água, não há presa mais fácil do que o ser humano. Não creio que seja uma questão de gosto, mas sim uma questão do que ele pode caçar”, completou.
Estratégias de Faye
Ainda em 2010, Faye teve a ideia de utilizar os próprios moradores de Burundi como seus informantes. “No Burundi, existem milhares de pessoas que vivem junto ao lago, especialmente pescadores que passam a maior parte do tempo na água. Dei a eles uma dúzia de telefones celulares para que me digam onde ele está”.
Todavia, muitas pessoas tentam capturar e até mesmo matar o animal. “Vários pescadores disseram já ter acertado ele. Ele parece ter o couro à prova de balas”, afirmou o francês.
Todavia, caso Gustave seja capturado por outra pessoa, Faye afirmou que sentiria como se alguém tivesse lhe roubado algo. “Vou permanecer fiel a Gustave e espero que ele faça o mesmo”, alegou. E permaneceu, mas não por muito tempo.
Em 2015, um dos moradores afirmou ter visto o crocodilo arrastar um búfalo adulto para o lago. Todavia, as últimas informações sobre o destino bicho foram reveladas pela Travel Africa Magazine, no artigo Beating the drums in Burundi, da jornalista Nicky Dunnington-Jefferson
“Segundo relatos que li e um programa de televisão, Gustave havia comido pessoas. Eu queria conhecer Patrice Faye, que sabia mais sobre Gustave do que qualquer outra pessoa. Descobri, porém, que, infelizmente, Gustave foi morto e Patrice Faye não está mais no país”.
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